terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sobre deus, formas de existir e "mim"

Texto feito para ser dado a uma colega de trabalho como forma de abrir uma discussão.

OBJETIVO

Existência, Importância e Mim: desejo falar sobre isso neste breve tratado que não possui o objetivo de instruir, guiar ou descriminar os pensamentos opostos. Apenas escreve-o para esclarecer minhas ideias e melhorá-las com as suas  importantes sugestões.


INTRODUÇÃO

Antes de iniciar este tratado devo explicar sobre o que desejo falar: “Existência, Importância e Mim”. Porém se eu apenas começar a escrever podem indagar-me sobre a natureza desta tríade. Então devo esclarecê-la analiticamente com algumas explicações breves.

Algumas palavras dessa tríade são mais importantes para a obtenção da compreensão:

Existência – Importância - Mim

Existência / existir – O que é existir? Segundo o dicionário Aurélio existir é “ter existência real; ser; haver; viver; estar; subsistir; durar”. Para mim, em uma concepção pessoal, existir é estar na memória de alguém, ou na minha própria. Podemos existir de forma diferente para cada pessoa, mas não para nós mesmos.

Importância / importante – Sobre a palavra importante ao qual derivou-se a palavra importância o dicionário Aurélio nos traz o seguinte significado: “Que tem importância; que merece consideração, apreço; necessário; o que é essencial ou mais interessa”. Traduzindo o conceito para o contexto e a minha forma de pensar, descrevo importante como algo que me faz mudar alguma atitude, mesmo que no momento não consiga perceber este grau de importância (verificar se aquilo é importante). Noto também que uma ideia ou coisa pode ser importante ou não dependendo do tempo e das condições do momento. Portanto algo importante pode ser classificado em níveis de prioridade.

Mim / eu – Este é o termo mais complexo de se obter um significado coeso. Mesmo sendo o sujeito MIM o EU em si, ou seja, o limite da máxima proximidade, torna-se extremamente complicado para mim explicá-lo (mesmo com a proximidade descrita). Penso eu que o MIM/EU fora forjado através de constantes relações: sociais, institucionais e históricas. Sendo assim, minhas atitudes são devidas as relações que tive. Isso faz-me questionar se existe de fato um sujeito EU.
Porém, algumas características são inerentes a cada pessoa. Existe um certo comportamento aleatório nos humanos (talvez a falta de visão global) e eu penso que esta deva ser a essência do que chamamos de EU humano.

Partindo destas premissas devo então esclarecer o que eu desejei significar com a tríade:

“Existência, Importância e Mim.”



PRIMEIRO: EXISTIR

Para mim a eternidade é possível quando “plantamos” ideias na memória de alguém. Para mim isso é estar vivo de alguma forma. Um filho, por exemplo, é uma extensão do que eu sou. Quando dou exemplos a este filho estou transferindo uma parcela do EU para ele. E ele irá transmitir isso também em suas relações sociais assim como eu fiz e fizeram comigo. Ou seja, penso que o homem é um multiplicador de ideias e isso, quando atinge os outros, o torna eterno.

Mas, todos possuem esta capacidade: os que consideramos bons e os maus. E essa é a cerne da questão: quando os homens enxergam esta sua capacidade de transformar o outro por meio de suas ideias geralmente o fazem. E isso deve ser velado, pois sempre tomamos atitudes que não nos agradamos posteriormente com os resultados: o erro. Há sempre um risco eminente ao erro nas atitudes ao qual tomamos.

Então, o homem inventou as leis para que fôssemos guiados pelos exemplos do passado:  para que aprendêssemos com os erros (na teoria). E isso nos guia, mesmo sabendo que tais leis servem para  beneficiar uns e instruir outros (na prática). No fundo, as ideias de alguns são levadas em consideração por grande parcela da humanidade (são eternos).


SEGUNDO: IMPORTÂNCIA

O homem comum precisa ser mais importante do que os outros seres vivos e de alguém mais importante do que ele próprio para se espelhar.

Assim, o homem antigo acreditava que o sol era responsável pela sua existência, já que Ele permitia que suas plantações crescessem e sempre estava lá proporcionando seu brilho e calor. Então, o homem pensava em agradar o sol (seu deus) e para tanto criou rituais em sua homenagem, para quem sabe chamar a sua atenção a fim de obter respostas e conseguir outros benefícios.

Alguns homens ausentavam-se desses rituais e estudavam o comportamento do sol, podendo então fazer previsões desse comportamento, melhorando a capacidade de cultivo (estações do ano). Constataram então que o sol não possui vontade própria (racional) mas age respeitando certas leis mecânicas.

Então indago: o homem merece louvor, ou o sol?


TERCEIRO: MIM

Questiono todas estas ideias pois não me contento em ficar na superficialidade dos assuntos. Não posso pensar que o sol age por sua conta, em primeira instância. Desejo saber a verdade, mesmo sabendo que o homem não deve sempre saber a verdade, pois ele é oportunista e irá querer se apoderar disso para escravizar os que ele considera inferior (outros seres, ou os próprios humanos), como já o faz. E mesmo que o homem não tenha a má intenção sempre, ele pode errar e prejudicar o andamento natural das coisas.
Eu sempre questiono: deus é necessário? E respondo as vezes sim, as vezes não. Pois respeito a construção histórica edificada com boas intenções. É notável os resultados quando são positivos para a melhoria do bem estar das pessoas.

Mas também observo a segregação que as denominações religiosas causam. As guerras “santas”!

Devo dizer: se deus existisse não seria necessário para que a minha existência fosse plena.


Marcos Garcia de Lima
Mauá, 01 de Julho de 2011

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