sábado, 16 de março de 2013
The winds they called the dungeon shaker (Os ventos que chamaram a masmorra sacudidora)
Um velho nômade passava brevemente pela vila que tinha a fama de ser tremendamente silenciosa durante a noite. Era uma tradição local todos se manterem calados após o escurecer. Um amigo, também andarilho, contou a ele a tradição e agora constatava com seus próprios olhos que de fato ela existia e era respeitada. Não obstante, o nômade pensava nos motivos pelo qual aquele comportamento era adotado (ou assimilado). Cético, questionava a situação em pensamento e não ousava quebrar a “lei” por motivos de segurança, já que sua companhia vespertina daquele dia o alertou.
Era uma fria madrugada e ele estava com fome, pois já passara alguns dias desde a sua última refeição completa. Havia em sua bolsa água e alguns utensílios básicos. Ventava muito e o silêncio o perturbava: mesmo por volta das três horas da madrugada sempre havia os boêmios e lugares oferecendo serviços para quem quisesse se embriagar. Pensava ele a respeito.
“Lei e ordem! Aff... Dúvido, deve ser alguma lenda absurda.“ – Resmungou em pensamento.
Mas de repente, quando estava distraído com as nuvens que passavam, ele foi surpreendido com um raro relâmpago que iluminou toda a cidade. Surgira então em sua face o espírito do tempo.
Assustado, correu para a direção oposta ao estranho – assim ele imaginou, pois ao correr para esquerda lá, de volta outra vez, estava o vulto humanoide em sua frente.
Indagou a si mesmo sobre quem seria aquele que lhe impedia de escapar e então ecoou este pensamento em sua boca para que a entidade respondesse. O medo da reposta o deixava nervoso: tremia, sentia seus batimentos cardíacos acelerados e estava ansioso. Mas queria a resposta.
O visitante ouviu sua indagação sem expressar reação e respondeu sem exitar: “sou o Espírito do Tempo.” E complementou: “Vim aqui para levar o que resta de você. A sua desconfiança e a sua falta de rumo. Farei com que alcance o que mais teme. Darei, por fim, a morte a você.”
Passado alguns poucos minutos o nômade expressou grande medo, mas se sentiu paralisado. Seu corpo não atendia aos seus comandos. Queria fugir dali, porém, algo estava impedindo-o de fazê-lo. Uma força que provinha do Espírito do Tempo.
Estava louco? Estava sonhando? Apenas era um homem? Queria ele perder vida. Aliás, queria entregar de uma vez por todas a sua vida.
“Quanto antes melhor. Foda-se o Espírito do Tempo.” - Disse. “Ele me faria um favor. Ahhhhhhhhhh!” (gritou como nunca)
Pena que tudo isso era apenas um reflexo de seu inconsciente. Um mundo imaginário que sua articulosa mente criou para lhe entreter enquanto estava bêbado e totalmente alucinado, deitado na calçada sobre sua própria êmese.
Haviam pessoas transitando. Era noite: via os pés dessas pessoas e as sombras artificiais criadas pela iluminação pública. Ouvia as vozes comentando sobre a sua derradeira situação, mas não queria ajuda – estava decidido. Preso, ele se localizava no mundo imagético que criou para sí, justificando a sua desgraça, a sua própria desgraça.
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Este trabalho faz parte de uma série de textos que estou escrevendo enquanto ouço bandas de Black Metal.
Não se trata-se de uma tradução, mas apenas um exercício imaginativo livre.
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